Cobra-cega é venenosa? Saiba mais sobre essa criatura peculiar!

Conhecida como Cecília, a cobra-cega possui uma aparência similar a de uma serpente ou mesmo uma minhoca gigante, no entanto, pertence ao grupo de anfíbios conhecido como Gymnophiona ou Apoda. Um fato interessante sobre a cobra-cega é que embora não pareça, ela é venenosa.

Cobra-cega é venenosa

A cobra-cega possui veneno, uma descoberta destacada em um estudo de 2018 intitulado “Skin gland concentrations adapted to different evolutionary pressures in the head and posterior regions of the caecilian Siphonops annulatus”. Este estudo revelou que elas têm glândulas de veneno na pele, funcionando como uma defesa passiva contra predadores, semelhante a rãs e sapos.

Em 2020, pesquisadores do Instituto Butantan, autores do estudo de 2018, descobriram que as cobras-cegas capturadas no Brasil possuem glândulas na base dos dentes com enzimas venenosas, como as encontradas em alguns animais como serpentes.

Quando a cobra-cega morde, essas glândulas são comprimidas, liberando a secreção venenosa no ferimento da presa.

As cobras-cegas possuem três fileiras de dentes afiados, duas na mandíbula superior e uma na inferior, que provavelmente ajudam esses predadores a capturar e ingerir minhocas.

Características da cobra-cega

Etimologia

O termo popular “cobra-cega” é utilizado para se referir a anfíbios da ordem Gymnophiona. Estes animais se caracterizam por possuir um corpo alongado com anéis, sendo também conhecidos como Apoda.

A palavra Gymnophiona é uma combinação dos termos gregos gymnos, que significa nu, e ophioneos, que remete a serpente. Já o termo Apoda vem do grego a, que significa sem, e podus, que significa pés, fazendo referência à ausência de membros locomotores nestes animais.

Além do nome cobra-cega, esses animais também são chamados de cecílias, derivado do latim caecus, que significa cego. Os olhos das cecílias são pequenos, rudimentares e não são capazes de formar imagens, sendo apenas sensíveis à presença de luz. Muitas espécies são completamente desprovidas de olhos.

Hábitat

Quase 200 espécies de cobras-cegas habitam as florestas tropicais ao redor do mundo. Entre elas, destaca-se a Idiocranium russell, que mede cerca de 9 cm e é encontrada em Camarões, e a Caecilia thompsoni, que pode alcançar impressionantes um metro e meio de comprimento na Colômbia.

A maioria dessas criaturas vive subterraneamente, razão pela qual “as cobras-cegas talvez sejam o grupo mais desconhecido de vertebrados”, segundo Carlos Jared, biólogo evolucionista do Instituto Butantan, em São Paulo, e autor de um novo estudo sobre esses animais. Algumas espécies estão tão adaptadas à vida sob a terra que perderam completamente a visão.

Corpo

É importante ressaltar que algumas espécies de cobra-cega possuem escamas dérmicas internas, presentes em bolsas nos anéis, o que é uma característica única desse grupo de anfíbios. Estima-se que existam cerca de 183 espécies de cobra-cega em todo o mundo, com 27 delas presentes no Brasil.

Com exceção de algumas espécies aquáticas, as cecílias vivem em galerias subterrâneas durante a maior parte de suas vidas, apresentando um hábito fossorial. Possuem tentáculos sensoriais na cabeça que auxiliam na detecção de partículas químicas no ambiente e no reconhecimento do local por meio do toque.

Reprodução e alimentação

Devido ao seu hábito fossorial, pouco se sabe sobre a reprodução das cecílias. Sabe-se que a fertilização é interna e ocorre através do falodeu, órgão copulador dos machos. Existem espécies ovíparas e vivíparas, com desenvolvimento larvar ou direto. A dieta desses animais consiste principalmente em pequenas presas como formigas, cupins e minhocas.

Fonte: National Geographic, Escola Kids