Mulheres piratas: As rainhas dos mares que desafiaram a história
Quando pensamos em piratas, lembramos de Capitão Gancho, Jack Sparrow ou Barba Negra, mas raramente das mulheres piratas. Muitas deixaram a terra para cruzar os mares sob a bandeira da caveira, protagonizando aventuras tão fascinantes quanto as dos piratas famosos. Do mar Báltico ao mar da China Meridional e as águas das Caraíbas, exploramos as trajetórias das piratas mais temidas e bem-sucedidas da história. Conheça essas mulheres notáveis e cruéis, tão temidas quanto seus colegas homens.
1. Alwilda – A Capitã Viking
Dando início a nossa lista de mulheres piratas temos a Alwilda, filha do rei escandinavo Synardus do século V, deveria casar-se com Alf, príncipe herdeiro da Dinamarca, mas ansiava por outra vida. Disfarçada de marinheiro, fugiu com amigas num navio. Encontraram uma tripulação de piratas sem capitão, que a escolheu como líder. Alwilda iniciou então uma carreira pirata, aterrorizando navios no mar Báltico. O rei da Dinamarca enviou tropas para capturá-la, incluindo uma liderada por Alf. Impressionada pela coragem do príncipe, Alwilda renunciou à pirataria e casou-se com ele, tornando-se rainha da Dinamarca, conforme relatado pelo historiador medieval Saxo Grammaticus.
2. Grace O’Malley – Rainha do Mar de Connaught
Grace O’Malley (1530-1603), apelidada de “granuaille” ou “a calva” por usar o cabelo curto, foi uma notável pirata irlandesa. Nascida em Connaught, casou-se aos 16 anos com Donal O’Flaherty e teve três filhos. Após a morte do marido, sem poder herdar suas propriedades, O’Malley decidiu tornar-se pirata, comandando os vinte barcos de seu pai para assaltar navios mercantes. Seus ataques foram tão intensos que a Marinha Real inglesa enviou diversas frotas para capturá-la.
Eventualmente, O’Malley e seus filhos foram presos. A rainha Isabel I de Inglaterra ofereceu-lhe liberdade e uma pensão em troca de seus serviços, o que O’Malley aceitou, e seu filho Tibbot foi nomeado cavaleiro. Seus feitos foram redescobertos no início do século XIX pela historiadora Anne Chambers, que escreveu sua primeira biografia.
3. Jeanne de Belleville – A Tigresa Breta
A aristocrata francesa Jeanne de Belleville (1300-1359) teve sua vida transformada após seu marido, Lord Oliver IV de Clisson, ser injustamente executado sob ordens do rei Felipe VI de França. Devastada pela perda, Jeanne uniu-se a homens da Bretanha que também acreditavam na inocência de Oliver. Com seus cinco filhos, ela vendeu as propriedades da família, comprou três navios negros e içou bandeiras vermelhas, iniciando uma campanha de vingança contra o rei de França.
Eles atacaram navios comerciais franceses ao longo da costa da Normandia, mas a frota foi eventualmente derrotada. Jeanne de Belleville então retirou-se para a Inglaterra com seus filhos sobreviventes, onde viveu o restante de seus dias longe da pirataria.
4. Anne Bonny – Pirata das Caraíbas
Anne Bonny, nascida na Irlanda em 1698, tornou-se um ícone da Era de Ouro da Pirataria (1650-1730). Casou-se com o pirata James Bonny, contra a vontade de seu pai, e foi deserdada. O casal mudou-se para as Bahamas, na “República dos Piratas”, mas o casamento logo acabou. Anne então se envolveu com Calico Jack Rackham, comprando juntos um navio chamado Vingança.
Em 1720, o navio foi capturado, apesar da resistência feroz de Anne e sua amiga Mary Read. Anne culpou Rackham pela captura, dizendo: “Se você lutasse como um homem, não seria enforcado como um cachorro.” Rackham foi enforcado, mas Anne, grávida, teve a sentença adiada. Seu destino final é desconhecido, com alguns acreditando que seu pai pagou para libertá-la.
5. Mary Read – Pirata das Caraíbas
Mary Read, melhor amiga de Anne Bonny, era uma inglesa que se disfarçava de homem desde jovem. Sua mãe a vestia como seu falecido irmão para enganar a avó e receber dinheiro. Mary até se alistou no exército britânico como Mark Read. Após a morte de seu amado soldado flamengo, Mary foi para as Índias Ocidentais, mas seu navio foi capturado por piratas, que a convenceram a se juntar a eles.
Vestida como homem, Mary navegou com Anne Bonny e Calico Jack no navio Vingança em 1720. Apenas Anne e Mary sabiam de sua verdadeira identidade, até que um tripulante descobriu e se envolveu com ela. Quando o Vingança foi capturado pelo caçador de piratas Capitão Jonathan Barnet, Mary alegou estar grávida, mas foi presa e morreu de febre na cadeia em abril de 1721.
6. Rachel Wall – Primeira Pirata Americana
Rachel Wall (1760-1789) nasceu na Pensilvânia e casou-se com George Wall aos 16 anos, mudando-se para Boston, onde ele era pescador e ela empregada. Insatisfeito com a vida, George persuadiu Rachel e outros marinheiros a se tornarem piratas em uma escuna roubada. Usando a tática de pedir ajuda a barcos para depois assaltá-los, o grupo capturou 12 navios e roubou muitos bens e dinheiro durante um ano.
Após uma tempestade danificar seu navio, Rachel e o grupo retornaram a Boston, onde seu marido morreu e ela continuou a cometer crimes, roubando barcos no porto. Presa por tentar roubar um chapéu, Rachel confessou a pirataria e outros crimes, sendo condenada à forca. Ela foi a última mulher enforcada em Massachusetts e a primeira mulher pirata americana.
7. Anne Dieu-le-Veut
Anne, uma pirata francesa, viveu momentos difíceis na ilha caribenha de Tortuga, onde enviuvou duas vezes e acabou casando com o homem que matou seu segundo marido. Em busca de vingança, ela desafiou o holandês Laurens de Graaf para um duelo, mas ele ficou encantado com sua coragem e a pediu em casamento. Juntos, tiveram dois filhos e viajaram pelo mar a bordo do mesmo navio, apesar da crença de que mulheres a bordo traziam má sorte.
A vida de Anne e de Graaf teve um final incerto: uma versão conta que de Graaf morreu em combate, enquanto outra sugere que o casal fugiu para o Mississipi. Alguns acreditam que a bravura de Anne pode ter passado para uma de suas filhas, que também teria sido pirata.
8. Ching Shih – A Pirata mais poderosa da história
A última da nossa lista de mulheres piratas é Ching Shih (1775-1844) é conhecida como a pirata mais bem-sucedida da história, comandando uma frota de 2.000 navios no século XIX. Originalmente uma prostituta, ela foi capturada pelo pirata Zheng Yi em 1801 e se casou com ele. Juntos, lutaram em várias batalhas e adotaram um menino, Zhang Bao.
Após a morte de Zheng Yi, Ching Shih tornou-se a líder de uma aliança pirata com 400 navios e cerca de 50.000 homens. Ela implementou um rígido código de conduta para manter a ordem entre os piratas, com punições severas para qualquer violação. Ching Shih casou-se com seu filho adotivo para garantir a continuidade do domínio familiar sobre a frota.
Atacaram navios mercantes e saquearam aldeias no mar da China Meridional, enfrentando diversas tentativas do governo chinês para derrotá-los sem sucesso. Em 1810, ao saber de uma nova frota chinesa para atacá-la, Ching Shih pediu perdão às autoridades e abandonou a pirataria, vivendo o resto de seus dias em terra firme com seu marido.
Fonte: National Geographic, Mega Curioso