O que acontece quando morremos? Segundo a ciência

O que acontece quando morremos? Segundo a ciência

Embora seja uma realidade inevitável e muitas vezes difícil de enfrentar, a morte é uma certeza que todos enfrentaremos em algum momento de nossas vidas. Mas o que acontece com o nosso corpo quando morremos? Descubra os processos que ocorrem no corpo após a morte e os elementos que desempenham um papel em sua evolução.

Após a perda das funções vitais, o corpo humano passa por processos químicos e biológicos que o transformam em matéria orgânica mais simples, influenciados por vários fatores como temperatura e método de enterro.

Em climas mais quentes, a decomposição se torna mais acelerada, no entanto, em climas frios o corpo o cadáver é preservado por mais tempo. Outros fatores que influenciam a decomposição são: composição de gordura corporal, feridas expostas, infecções generalizadas e a exposição ao ambiente externo, se o corpo estiver ao ar livre.

Pesquisas realizadas por cientistas australianos, indicam que o corpo pode se mover durante a decomposição, sugerindo uma compreensão mais profunda desses processos.

O que acontece quando morremos?

Algumas funerárias empregam técnicas para retardar o processo de decomposição, preservando uma aparência digna para a despedida dos entes queridos. No entanto, ao ar livre, após a morte ocorrem as seguintes etapas:

Etapa 1 da decomposição – Alterações imediatas

As alterações imediatas resultam da interrupção irreversível das funções vitais do cérebro, coração e pulmões. Isso inclui a perda de sensibilidade e controle consciente sobre os movimentos corporais, bem como a interrupção da respiração, circulação sanguínea e atividade do sistema nervoso. Essa etapa se dá cerca de 15 minutos após a morte e é chamada de Pallor mortis.

Etapa 2 da decomposição – Alterações iniciais

Rigor mortis

Consequentemente, surge o Rigor mortis, onde começam a aparecer as transformações na pele e nos olhos, perda de calor corporal, rigidez muscular e descoloração. A pele se torna pálida e perde elasticidade, os lábios ficam secos, e os olhos podem perder transparência.

Sem circulação, não há mais calor produzido no corpo, resultando em uma queda de temperatura chamada algor mortis. A rigidez muscular, conhecida como rigor mortis, ocorre após de duas a seis horas e desaparece em cerca de 36 horas. O livor mortis, onde o sangue se desloca para áreas mais baixas do corpo, causa manchas avermelhadas ou azuladas.

Após isso, ocorre a proteólise, um processo de quebra das proteínas, que desfaz a rigidez do corpo, tornando-o flexível novamente, e o rigor mortis cessa aproximadamente 36 horas após a morte. Isso é conhecido como flacidez secundária. Se o corpo estiver ao ar livre, atrairá insetos rapidamente, muitas vezes em questão de 10 minutos após a morte.

Inchaço

Após a morte, as bactérias intestinais se proliferam sem controle, começando a se reproduzir e a consumir o corpo. Um estudo realizado em 2014 revelou que esse processo de disseminação leva cerca de 58 horas, alcançando órgãos como fígado, baço, coração e cérebro. Como resultado, são liberados gases, causando inchaço abdominal. Em climas mais amenos, esse fenômeno ocorre dentro de dois a três dias.

Deslizamento da pele

O acúmulo de gases dentro do corpo resulta em um aumento de pressão, que provoca o deslocamento de fluidos entre as camadas da pele, levando ao descolamento das camadas superficiais. Consequentemente, a pele começa a se desprender à medida que a camada externa, a epiderme, se separa da camada subjacente, a derme, tornando-a facilmente removível do corpo.

Marmoreio

Quando o oxigênio se esgota, a hemoglobina começa a se ligar ao enxofre, enchendo as artérias e veias com uma substância roxo-esverdeada, causando uma aparência marmorizada em algumas partes do corpo, como o tronco e os membros.

Expulsão de órgãos liquefeitos

Em até três semanas após a morte, o aumento da pressão interna faz com que os fluidos corporais e órgãos liquefeitos, ou seja, derretidos, começam a sair por todos os orifícios possíveis. Em alguns casos, devido à pressão, o corpo pode explodir. Os globos oculares podem se deslocar, os tecidos ficam moles e as unhas caem.

Etapa 3 da decomposição – Alterações tardias

Multiplicação de insetos

As moscas são atraídas pelos elementos químicos liberados pelo corpo, as quais iniciam o depósito de ovos nos orifícios e na superfície do cadáver. As larvas que eclodem desses ovos começam a emergir e a se nutrir dos tecidos musculares e dos órgãos internos, em um ciclo de decomposição. A fase de dispersão larval, um estágio subsequente à alimentação, torna-se aparente quando a pele já não está mais presente.

Surgimento de carniceiros

Imagem de dois abutres
Abutres carniceiros

Além das moscas, outros insetos começam a aparecer atraídos pelo cadáver como besouros, por exemplo. Assim também, animais carniceiros, como urubus, surgem se alimentando da carniça presa nos ossos.

Esqueletização

No estágio final, o corpo já não possui tecidos moles, deixando somente ossos e cartilagens mais resistentes. A decomposição e clareamento ósseo iniciam-se aproximadamente nove meses após a exposição ao ar livre. Posteriormente, elementos como chuva, vento, erosão e abrasão começam a desgastar o que resta do corpo, desarticulando os ossos, um processo que pode levar meses ou até mesmo anos.

Processos que retardam a decomposição

Adipocere

Segundo um estudo publicado em 2020 no Journal of Forensic and Legal Medicine, a adipocere é uma substância formada a partir do tecido adiposo que retarda ou até mesmo interrompe a decomposição. Ela se desenvolve em ambientes quentes e úmidos.

Mumificação

Múmia egípcia
Múmia egípcia

Outro processo que interfere na decomposição é a mumificação, um processo que resulta na dessecação ou desidratação dos tecidos do corpo.

Durante esse processo, a pele adquire uma tonalidade marrom e se torna rígida e quebradiça, enquanto o corpo encolhe e enruga. Surpreendentemente, as características faciais e as lesões permanecem intactas.

Ao contrário da formação de adipocere, a mumificação requer um ambiente seco e árido, junto com uma brisa quente constante. Esse método ficou conhecido principalmente pela sua prática em civilizações antigas, como a egípcia.

Fonte: National Geographic, Canaltech

Isabela Mancini

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