Rios voadores: O que são? Qual a sua importância?

Rios voadores: O que são? Qual a sua importância?

Os “rios voadores” são fenômenos caracterizados pelo transporte de bilhões de toneladas de vapor de água pelos ventos atmosféricos. Originados no Oceano Atlântico próximo à linha do Equador, esses volumes se transformam em chuva ao alcançar a Amazônia e seguem em direção à Cordilheira dos Andes. Saiba mais sobre a importância desse fenômeno.

Características dos rios voadores

Os “rios voadores”, tecnicamente chamados de “jatos de baixos níveis”, são conhecidos desde os anos 1960 por especialistas em meteorologia e hidrologia. A expressão é metafórica, pois descreve o transporte de vapor de água pelos ventos atmosféricos.

A origem dos vapores e como eles interagem com a superfície da Terra, incluindo seu papel na formação de nuvens que podem alcançar até 15 quilômetros de altitude, foram descobertos posteriormente.

Como os rios voadores se formam?

Os rios voadores são formados por grandes fluxos de vapor de água provenientes das áreas tropicais do Oceano Atlântico, alimentados pela umidade da Amazônia. A floresta amazônica exerce um papel crucial ao atrair a umidade do oceano através dos ventos alísios.

Quando chove na floresta, as árvores transpiram o vapor d’água de volta para a atmosfera. Uma única árvore com uma copa de 20 metros de diâmetro pode transpirar mais de mil litros de água em um dia. Com cerca de 400 bilhões de árvores transpirando juntas na região, a quantidade de vapor de água liberada é comparável ou até superior à vazão do rio Amazonas, que chega a 200 mil metros cúbicos por segundo.

Além disso, as massas de ar podem alcançar até três quilômetros de altura, centenas de quilômetros de largura e milhares de quilômetros de extensão, transportando uma quantidade de água equivalente à vazão do rio Amazonas em alguns dias do ano.

Qual a importância dos rios voadores?

Os rios voadores são fontes cruciais de água, irrigando lavouras, enchendo rios e represas. Parte do vapor de água da Amazônia se transforma em chuva, enquanto grandes quantidades seguem até encontrar os Andes, onde alimentam a cadeia de montanhas e formam as cabeceiras dos rios amazônicos.

Ao se depararem com os Andes, que têm cerca de quatro mil metros de altura, esses fluxos de vapor se curvam para o sul, beneficiando estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Os rios voadores desempenham um papel crucial na regulação das chuvas no Brasil e em países vizinhos como Bolívia e Paraguai.

Esses fenômenos também são fundamentais para a economia, sustentando atividades como hidrelétricas, indústrias, agricultura e grandes centros urbanos ao longo do quadrilátero que vai de Cuiabá a Buenos Aires e São Paulo. Este quadrilátero representa 70% do PIB da América do Sul, dependendo do equilíbrio climático e da provisão de água proporcionados pelos rios voadores para sua existência.

Desmatamento pode afetar os rios voadores

Especialistas em rios voadores alertam para os riscos do desmatamento na Amazônia. Pesquisadores do Inpe e do Cemaden destacam que a falta de preservação da floresta pode comprometer o abastecimento de água em várias regiões do Brasil. Sem a cobertura florestal, os rios voadores, que transportam umidade do oceano, podem chegar ao continente em apenas dois ou três dias, aumentando o risco de tempestades severas no sul do país.

A perda da floresta poderia reduzir em 15% a 30% as chuvas na Amazônia, diminuir o volume de precipitações no Sul e na bacia do Prata, e intensificar eventos climáticos extremos na região. Além disso, destaca-se a importância dos rios voadores para a agricultura, uma vez que essa atividade econômica é sensível às mudanças climáticas e à disponibilidade de água.

Fonte: Revista Galileu, eCycle

Alexandre Petrović

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